A energia de Maitreya e a primavera

Débora Menezes
4 min readSep 8, 2022
A paisagem dos jardins de Maitreya em Alto Paraíso, Chapada dos Veadeiros. Foto de 2021

Há poucos dias eu estive em uma caverna repleta de cristais pontiagudos, que emitiam uma forte luz dourada. Me senti como dentro de uma dessas drusas, vendidas em lojas de artigos esotéricos. Foi uma surpresa, não um susto. Pareceu-me muito natural estar ali, pela energia luminosa que, espero, muitos possam sentir pelos próximos tempos.

Uma luz que simboliza a presença, de mestres, anjos e arcanjos. Seres que estão em dimensões paralelas, materializando, em nosso mundo real e concreto, sensações que possam permitir nosso avanço. A nossa esperança em acreditar que o mundo não é só essa drama-pastelão de miséria, preconceito, fome e mesquinharia. A certeza de que somos humanos, sombra e luminosidade, e nessa jornada que é viver em 2022, vamos testemunhar catástrofes e crises, mas também força e redenção.

Há alguns anos muitos de nós recebem downloads de informações e acessam conhecimentos que parecem estranhos e desconexos, se vistos apenas por um ângulo. Eu 2016, quando mudei para Manaus, recebi a energia do reiki (aquela da imposição de mãos) pela primeira vez e senti um olho, enorme, crescendo a partir do ponto da testa onde seria o próprio terceiro olho.

Na mesma época conheci a história da Fraternidade Branca, esse grande grupo de seres iluminados que, ao longo dos seis últimos anos, fui conhecendo, apreciando, interpretando e seguindo. É uma baita história, como tantas outras que a humanidade criou para dar sentido a energias que talvez não precisassem dessa embalagem — mas é tão confortante imaginar seres como Jesus, São Miguel Arcanjo, a amada mestra Kuan Yin, tal como nas figuras intepretadas por médiuns-canalizadores a nossa volta…

Eu não conheço mestre Maitreya. Pelo menos nessa vida, não fomos “apresentados oficialmente”. Conheço, antes de tudo, seu jardim. A linda paisagem da foto que leva seu nome. Um cerrado que pega fogo e se regenera, um buriti aqui e ali, colinas que parecem suaves e ficam vermelho fogo nas tardes do inverno sem chuva. Das poucas vezes que passei por ali, fiquei imaginando se o lugar era de verdade. Tão sobrenatural quanto ordinário passar uma estrada asfaltada pelo jardim mais místico que eu já vi.

Há muito tempo venho refletindo sobre a imaginação que criou tantos arquétipos, símbolos e histórias fantásticas sobre os seres que nos acompanham. E como tudo isso mora dentro de nosso inconsciente coletivo — que eu costumo explicar como uma grande nuvem repleta de tudo o que a humanidade já criou para explicar o inexplicável, o invisível. Uma nuvem colorida e a disposição, se quisermos subir a Montanha Azul.

Sim, eu acho que o nosso inconsciente não repousa no fundo de um lago, mas está lá em cima da montanha. Provável que seu cume esteja, muitas vezes, coberto por nuvens, tal como as Agulhas Negras, o Mont Blanc, o Itatiaia. E o que está no meu interior pode ficar às vezes encoberto pelo que está no inconsciente coletivo.

Eu tento explicar racionalmente o que tenho sentido e vivido em meditações e mesmo em momentos em estou fazendo outras coisas, principalmente andando de bicicleta em meio à natureza, tomando banho de rio e ouvindo música-medicina (ah sim, outro dia escrevo sobre isso, o poder de cura de músicas como essas que ouço agora). A minha tendência é descrever as coisas, mas não consigo.

O que posso dizer é que os conteúdos certos vão chegando e as informações vão sendo absorvidas pelo inconsciente sem um caminho linear — natural, se o tempo é relativo… quando percebo, algo me chama a atenção para descobrir a história de determinado lugar, de determinado mestre, e determinado arquétipo. E o que parece caótico faz todo o sentido.

Vários colegas, mediuns, terapeutas, sensitivos, artistas, trazem a seus trabalhos energias de vários mestres. Esse ano, muitos círculos de mulheres falaram sobre Maria Madalena, ou Maria de Magdala, uma das seguidoras de Jesus Cristo. Há até um oráculo inspirado nessa personagem da bíblia. Eu não sei exatamente quem a recuperou como símbolo para a mulher que luta por seu espaço com amor, então parece natural que os grupos que tratam do tema “Sagrado Feminino” resgatem esse símbolo que eu desconhecia completamente quando era católica.

Ah, claro, há outros símbolos, de outros tempos e religiões, que habitam essa nuvem coletiva e até disputam espaço narrativo. Aí eu volto ao mestre Maitreya e uso o texto do Somos Todos Um como referência. Tal mestre poderia ser Jesus Cristo. Budha. Krishna. Só aqui, três religiões diferentes.

Confuso? Faz sentido se voltarmos a pensar na nuvem do inconsciente coletivo, cada um subindo sua montanha e pegando algo dessa nuvem, nomeando e interpretando a sua maneira. De acordo com suas crenças, e as religiões formam a base de muitas delas.

A chegada de Maitreya carrega a simbologia dos grandes mestres chegando ao planeta para apoiar a nossa jornada. Muitos esperam que um Salvador bote ordem nessa bagunça que criamos. A grande sacada vai ser quando a gente perceber que todos estes grandes mestres e outros elementos estão todos dentro de nós. Se cada um acessá-los, vamos ganhar força e consciência, ter compaixão, e materializar em realidade a energia que precisamos para mudar o mundo de verdade.

PS: ah sim, é uma delícia meditar e entrar em diferentes paisagens, cores e sons, enxergar símbolos, mestres, deuses e extraterrestres. Para mim é a graça de subir a Montanha Azul e acessar a grande nuvem. Meu mundo precisa de toda energia materializada na minha imaginação, para continuar vivendo, ganhando consciência e destruindo ilusões, porque não.

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Débora Menezes
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Comunicadora, escritora e taróloga. Escrevi o livro de poemas Amor Roxo por Manaus e Outras Histórias (2018) e lancei o Eu Sou Mais 40 Tarot e Oráculo (2022).