Estímulo para escrever se cria

Euforia é bom na medida certa e desconfio quando aquele fogo queima dentro de mim e vai até a ponta dos dedos pra soltar aquilo que tiver que ser, numa verborragia feito comporta que acabei de abrir, necessário derramamento de água (leia: emoções) pra não arrebentar a comporta (leia: alma).

Pois hoje me invadiu uma euforia produtiva. Mas tem um padrão, aí. Quando estou trabalhando com coisas que considero mais “criativas” no meu dia a dia (eu sou jornalista, tenho canal de tarot, calhou essa semana de ter que dar espaço pras ideias e não só ficar preenchendo tabela de Excel), me dá uma empolgação, uma vontade de Cavaleiro de Paus, aí acho que acelero com medo que seja só fogo de palha, e passe de uma hora pra outra.

Se eu não escrever, eu com certeza vou querer socar alguém. Comer uma pizza inteira sozinha, que vontade de encher a cara, meu fígado não permite e não sou tão fã. Então vamos lá, encher essa página.

Gostaria mesmo é de ter disciplina pra escrever. De sentar na cadeira todo dia de manhã, em frente a janela aqui de casa, olhando as montanhas, e escrevendo de 7h30 às 9h30. Sim, porque na minha desorganização e no tanto de coisas que eu tenho que fazer, ter um horário de atendimento não bancário parece que dá um ar de ordem na desordem.

Porque esse surto de escrita cansa. Não tem uma direção muito clara e acabo escrevendo montes por um, dois dias, depois páro. Semanas, meses até. Cansa porque eu penso nisso todo santo dia, e quando escrevo, penso mais ainda, me come o remordimento (a culpa). Quase a mesma qualidade do remorso que sinto por não ir andar de bicicleta.

A culpa anda junto com o ofício da escrita, embora a coisa que eu mais queira no mundo é um fluxo diário sem interrupção, sem culpa, sem medo, sem porra nenhuma.

Eu só escrevo escrever. Ah, andar de bike também.